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A primeira noite

Escrito por: Hans Christian Andersen

Ontem à noite, são as palavras da lua, eu deslizei pelo ar limpo do céu, eu refleti no Ganges meus raios procurando nas profundezas das águas. Veio de Tykningen uma garota hindu, agiu como a gazela, bela como Eva. Algo havia de leve, claro e fresco nessa filha da Índia. Eu podia ver seu pensamento através de sua pele fina. Os espinhos da trilha rasgavam suas sandálias, fazendo-as em pedaços, mas ela continuava rápida, em frente, como se estivesse com tempo marcado para chegar a algum lugar ou fazer alguma coisa. Os animais que vinham do rio, onde tinham aplacado sua sede, fugiram porque a moça trazia na mão uma lâmpada acesa. Eu podia ver o sangue fresco correndo em seus dedos ao se inclinar para aumentar a chama da lamparina. Ela se aproximou do rio, colocou a lamparina na água começando a descer rio abaixo. Por momentos fez menção de apagar, mas continuou a brilhar. Os olhos negros da garota não paravam de seguir a luz da lamparina. Ela sabia que a lâmpada acesa era sinal de que seu amado estava vivo, se ela se apagasse era sinal de que havia morrido. Felizmente a chama continuava a queimar, seu coração queimou e tremeu, ela se ajoelhou e rezou para que ele estivesse vivo. A seu lado, uma cobra movia-se sorrateira pela grama molhada, mas ela só pensava em Brama e em seu noivo. "Ele vive!" ela exclamou, e das montanhas um eco respondeu: "Ele vive!"

© Todos os direitos reservados a H.C Andersen Institutte ®

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