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Vigésima noite

Written by: Hans Christian Andersen

"De Roma eu venho!", Disse a lua, "no meio da cidade, em uma das sete elevações, estão as ruínas do castelo do Imperador; a figueira-do-mato cresce na parede do muro e cobre a parede com a folha verde-clara e larga; entre o mato de cascalho, o burro caminha sobre a sebe de louro verde e aguarda o tempo e o lugar certo para encontrar o que procura; uma moita de um bom e fresco capim. Foi exatamente desse lugar que partiram as grandes águias romanas, os grandes conquistadores. Aqueles de quem, posteriormente ouviríamos dizer: “Vim, vi e venci!” Eles sairam imponentes do mesmo lugar onde hoje é a entrada de uma casa pequena e pobre, erguida entre o que resta de duas colunas. Uma trepadeira deixa pender seus galhos sobre a janela dando a impressão de uma coroa funerária. Ali, entre aquelas paredes, vive um velha senhora e sua netinha. Elas agora governam o que restou dos palácios dos Césares e mostram aos visitantes uma fraca sombra do passado. Da sala do trono, resta apenas uma parede desbotada. Um cipreste projeta sua sombra sobre o lugar onde deveria haver um trono. Uma densa camada de pó recobre todo o lugar e aquela menina, a princesa desse espaço, senta-se ao final da tarde em uma escada de onde se projetava o trono enquanto os sinos da tarde tocam a hora vespertina. De seu lugar ela consegue ter uma vista de Roma, tendo ao fundo a cúpula da Basílica de São Pedro. Silenciosa, como sempre, chegou a noite. Minha luz forte iluminou a menininha. Na cabeça trazia um jarro com água, ela tinha os pés descalços, a saia curta e as mangas brancas estavam rasgadas. Minha luz beijou seus ombros redondos, seus olhos negros e o, cabelo brilhante escuro. Ela começou a subir a longa escada desgastada e bastante destruida, cuidadosamente. Quanto mais subia, mais cuidado precisava ter porque a escada estava em pedaços e, bem no topo, havia uma coluna caída. Dos buracos saiam lagartos, mas esses não lhes causava medo. Ao erguer sua mão para destrancar a porta que era presa por uma corda, ela parou pensativa. Para onde iam seus pensamentos? Estaria pensando na pequena imagem do Menino Jesus vestido em prata e ouro, lá na capela, onde os candelabros de prata brilhavam? Certamente a sua volta, seus amiguinhos entoavam hinos religiosos, que também ela sabia! Teria sido isso que a fez parar? Não sei, mas na sequência ela prossegiu, contudo tropeçou e deixou cair a jarra espatifando-a no mármore do chão. Vendo o estrago, ela começou a chorar. Suas lágrimas eram tantas que rolavam sobre os milhares de pedaços que restaram da jarra de água e ali ela ficou chorando desesperadamente sem saber se puxaria a corda ou não para entrar em seu palácio imperial!

© Todos os direitos reservados a H.C Andersen Institutte ®

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