We use cookies to ensure that we give you the best experience on our website. If you continue to use this website, we will assume that you agree to the use of cookies.

Décima terceira noite

Written by: Hans Christian Andersen

"Eu estava olhando pela janela de um editor", disse a lua, "era uma cidade na Alemanha. Havia belos móveis, muitos livros e um amontoado caótico de revistas e jornais. Pessoas cercavam o editor que tinha em suas mãos os originais de dois pequenos livros de jovens autores esperando para serem analisados. " Esse chegou-me às mãos há dias ", disse ele. " Eu não li ainda, o que vocês dizem sobre o conteúdo? Será que é bom?" “Oh! Disse um dos conselheiros que era um poeta - parece ser muito bom, talvez longo demais, mas se levarmos em conta a idade do autor… bem! Os versos poderiam ser melhor trabalhados, mas quanto ao tema, penso que foi bem escolhido um pouco desgastado, mas Senhor Deus, é um jovem! O que poderíamos esperar de novo? A arte se repete, os temas são reusados, recebem uma nova roupagem, um novo colorido, um novo jogo de rimas e pronto, tudo é novo. Na verdade o que temos em mãos não é uma obra prima, mas seu texto merece elogios. O certo é que não haverá muito do poeta no texto e vice-versa. Pode-se notar que ele é um homem culto e criterioso. Ele lê muito e conhece bastante sobre o Oriente. Foi ele quem escreveu a bela resenha sobre " Reflexões sobre a vida doméstica ", de minha autoria. Devemos ser gentil com esse jovem autor. ""

"Mas ele é muito pobre como escritor, embora bastante calmo!" Disse um dos presentes na sala,"nada é pior na poesia do que a mediocridade, e do que ele já demonstrou nessas poesias não conseguirá melhorar!"

"Pobre escritor!" Disse um terceiro. "Sua tia está tão orgulhosa dele. É bom lembrar, senhor Editor, foi ela quem conseguiu vender muitos dos exemplares da última tradução publicada pelo senhor!"

"Ah! Que boa senhora! Vejam, vou rever o livro e prepará-lo para a edição. Talento incomparável o desse jovem! Um presente para os leitores! Uma flor no jardim da poesia! Mas e o outro livro? O que acham dele? Dizem que é de um escritor talentoso, parece-me um grande escritor!"

"Sim, sim, todo mundo concorda sobre sua genialidade", disse o poeta, "mas por outro lado ele é bastante rebelde, particularmente no que diz respeito às regras gramaticais. Pontuação não é com ele!"

"Seria apropriado revisarmos seu livro, apontar-lhe os problemas, assim, dessa forma, ele poderia reconsiderar o juízo um tanto vaidoso que demonstra de si!"

"Mas é injusto!" Exclamou um quarto membro da sala." Não devemos nos prender a pequenas coisas quando um texto muito maior e mais rico está a nossa frente!"

"Está certo, então pensemos assim: se ele for um gênio, não se importará com as críticas, mas, por outro lado, não deixará subir-lhe à cabeça os elogios que receber. Em ambas as situações saberá tirar o melhor proveito para sua vida e seu trabalho!" Disse o editor.
"Depois disso fui embora", disse a lua, "fui espiar, um pouco mais a frente, o que se passava na casa da tia do primeiro escritor, aquele que era calmo. O poeta estava lá cercado por pessoas a prestar-lhe homenagens. Ele estava orgulhoso e feliz."

"Sai a procura do outro poeta, o rebelde; ele estava reunido com seu editor, no mesmo instante que o livro de seu colega calmo estava sendo anilisado.
"Vou ler o seu livro", disse o Mecenas "você sabe que sou franco e sempre digo o que penso: não espero muito de seu livro, pois você não segue estritamente as regras da língua; é ousado demais, porém um ser humano respeitável!"
Sentada em um canto, uma jovem acabava de ler, em um livro, os seguintes versos:

- O gênio e a glória jazem ao mesmo tempo na poeira!
Novos talentos sempre surgirão!
"É uma história antiga como o mundo,
No entanto, será sempre nova! "

© Todos os direitos reservados a H.C Andersen Institutte ®

© Todos os direitos reservados a H.C Andersen Institutte ®