Written by: Hans Christian Andersen
"Passei por Lyneborg-Hede", disse a lua, " observei uma cabana solitária à beira da estrada; alguns arbustos nus estavam perto, e ali estava um rouxinol solitário; cantava seu lindo canto! A noite fria acabou matando-o e, o que eu ouvi foi o seu canto de despedida. A luz do dia brilhou, uma caravana passou por alí trazendo famílias camponesas imigrantes que iam na direção de Hamburgo, de onde pegariam um navio para a América, onde a felicidade, a felicidade tão sonhada estava a espera deles. As mulheres carregavam suas criancinhas em suas costas, as maiores iam pulando ao lado da mãe. Um cavalo muito magro carregava com dificuldade a carroça com a carga. O vento frio soprou; por isso, a menininha se aproximou da mãe que olhava para mim, lá no alto, em minha fase minguante e pensava na amarga vida que até então vinha levado. Pesados impostos que não haviam conseguido pagar. Todos na caravana pensavam o mesmo. O sol que naquele momento surgia dava-lhes a esperança de dias melhores. O rouxinol cantou mais uma vez. Eles não sabiam contudo, que aquele era um canto de despedida e de morte. Mas em seus pensamentos esse era um canto de esperança e de bom presságio. O vento e o canto do rouxinol misturaram-se e para todos esse era um sinal de um futuro promissor.
“Vocês não sabem para onde vão, vocês não sabem o que os aguarda, caminham como se seguissem em direção da terra prometida, a terra de Canaã. Tudo que pertencia a vocês foi vendido, nada lhes restou. Suas dores não serão sentidas por muito tempo porque a morte os espera por esses mares afora!”
O sol surgiu por entre as nuvens. As pessoas do vilarejo seguiam para a Igreja. As mulheres vestiam-se de preto e usavam tocas brancas. Nada a volta tinha vida, tudo parecia estar morto. As mulheres tinham em suas mãos seus hinários. Que elas possam rezar por aqueles que estão em alto mar afora e agora. Um dia seus túmulos serão encontrados para além das espumantes e violentas ondas.